Os colorados espalhados por todo o país e, em especial concentrados na Arena Barueri, explodiram de alegria nesta terça-feira com o empate em 0 a 0 do Inter contra o Oeste, pela 36ª rodada da Série B. E com motivos de sobra. Após sofrer ao longo de uma temporada atípica, consequência do primeiro rebaixamento da história do clube, enfim viram a equipe, agora sob o comando do interino Odair Hellmann, garantir matematicamente o retorno à elite nacional.

Com o empate, o Inter chegou aos 65 pontos na tabela, com margem de sete pontos ao quinto colocado, o Londrina, que não pode mais alcançá-lo nos dois jogos restantes. O acesso serve como um acerto de contas para a eternidade com a nação colorada, aliviada e com esperanças renovadas para 2018 na Série A, depois da pior mancha nos 108 anos do clube.

A volta à primeira divisão também põe fim a uma série de adversidades e agruras enfrentadas pelo Inter em 11 longos meses na Série B

Logística
Único grande na disputa da Série B em 2017, o Inter até tirou proveito – numa comparação com os demais – por sua estrutura e poder financeiro para arquitetar a logística. Mas também teve de despender recursos para contratar serviços de voos fretados para enfrentar os roteiros mais distantes na competição. A delegação colorada não escapou ainda de trajetos de ônibus, como no deslocamento a Criciúma e a Pelotas, e até nos locais mais distantes, como Caruaru e Lucas do Rio Verde, em Pernambuco e no Mato Grosso, respectivamente. Alguns dos hotéis reservados pelo clube nas cidades do interior também deixaram a desejar em termos de estrutura.

O estádio Lacerdão, em Caruaru (Foto: Kleber Estrela)

Gramados irregulares
Em muitos dos jogos longe do Beira-Rio, o Inter também teve de enfrentar o gramado como fator de adversidade. Não raro, jogadores, comissão técnica e diretoria fizeram críticas ou menções a campos duros ou pesados. Em Lucas do Rio Verde, por exemplo, o calor fez com que dirigentes permanecessem fora do vestiário. No Lacerdão, em Caruaru, a quantidade de buracos chamou a atenção.

Desvalorização dos jogadores
O rebaixamento e a disputa da Série B tem como efeito colateral bastante negativo a desvalorização de atletas com potencial de render boas vendas ao clube. Rodrigo Dourado é um dos jogadores que estava em alta, mas perdeu valor de mercado com a queda. Outros jovens e até aqueles mais tarimbados foram emprestados após perder espaço a clubes que seguem brigando para não cair na elite.

Menor visibilidade
O Inter também viu sua marca ter menos exposição com a queda, algo natural numa comparação com a elite nacional. Ao longo do ano, o Colorado só teve seus jogos transmitidos para todo o país nos canais de televisão por assinatura, em faixas da programação distantes do horário nobre. Até mesmo o espaço em programas esportivos foi escasso, dadas as pautas do Brasileirão. No Rio Grande do Sul, porém, a equipe até teve mais jogos exibidos ao vivo, nos sábados.

Torcida do Inter apoia time no Beira-Rio (Foto: Ricardo Duarte / Inter, DVG )

Renda menor
Com ingressos mais populares, o Inter também viu sua receita com bilheterias cair ao longo do ano. Em 2016, o clube arrecadou R$ 18.844.976 em 34 jogos, com uma média de 20.372 torcedores pagantes e R$ 554.264 por partida. Na temporada atual, os torcedores renderam R$ 16.772.025 em 33 jogos, com uma média de 19.711 torcedores e de R$ 506.728 de renda por partida, de acordo com levantamento do GloboEsporte.com.

A comparação com rivais da elite deixa o contraste ainda mais evidente. Os outros dois rivais que têm média de público na casa dos 19 mil, Flamengo e Cruzeiro, têm rendas de R$ 45.785.158 e R$ 24.156.354, respectivamente, na temporada.

Por Eduardo Deconto, Porto Alegre
Fonte: Globo Esporte