Postado por Daniel Morais em 10 de maio de 2018
Por Kamile Araújo – Economista
O “dinheiro de plástico” é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, na última década. A facilidade proporcionada pelo cartão de crédito é indiscutível, mas os danos causados pelo uso imprudente desse recurso podem complicar bastante a sua vida financeira.
Nada como poder comprar aquela TV tão cara e desejada, mesmo pagando em “suaves” prestações mensais, ou ter um recurso extra para alguma situação de emergência. Melhor ainda é poder comprar algo imprevisível, quando o dinheiro em espécie já acabou, mas o mês ainda não. Falando assim, da até pra imaginar que quem utiliza o cartão de crédito só tem boas histórias pra contar, não é verdade?
Engana-se quem acredita que o cartão proporciona apenas benefícios ao consumidor. O seu uso de forma descontrolada é altamente danoso e pode comprometer a sua vida financeira de maneira preocupante. O pior de tudo é que, quando você se dá conta, já entrou em uma verdadeira bola de neve, mato sem cachorro, beco sem saída ou qualquer trágica situação do tipo!
As facilidades do cartão de crédito fazem o típico consumista acreditar que pode comprar a qualquer momento e que a conta só vai chegar num futuro muito distante ou simplesmente não vai chegar. Ouço frequentemente pessoas dizendo “comprei por impulso”, “eu estava merecendo”, “pensei que não faria tanta diferença”. O problema, meu amigo, é que essa conta chega sim e com data marcada! E… se essa conta chegar, e o seu dinheiro não for suficiente para o que se gastou além do planejado, você cai no famoso rotativo do cartão de crédito!
O limite rotativo é um “empréstimo emergencial” utilizado quando o consumidor paga o valor mínimo estabelecido pela administradora do cartão, ou até mais, contudo não consegue pagar o total da fatura. Nesse momento, o valor que não foi pago é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com JUROS e encargos acumulados.
Veja como as coisas funcionam no seguinte exemplo:
– Supondo que a sua fatura deste mês totalizou em R$3.000,00 e você só conseguiu pagar o valor mínimo estabelecido pela administradora do seu cartão, 15%, o equivalente a R$450,00. A princípio, você acaba de contrair uma dívida de R$2.550,00. Acontece que esse atraso incorre em taxas de juros azedíssimas, que incluem: juros do rotativo, juros de mora e encargos como multa por atraso e IOF (imposto sobre operações financeiras). Considerando essas taxas incidentes sobre o valor que não foi pago, após 30 dias, o seu novo saldo devedor será: R$3.031,44. Sim!!! Só no primeiro mês você paga R$481,44 de juros e encargos. Vamos dizer, ainda, que você não consegue se organizar no mês seguinte para quitar essa dívida. Após 60 dias, você estará devendo R$3.603,78. Aproximadamente R$1.053,78 além do saldo inicial. Falando assim já parece muito, imagine na hora de tirar do bolso!
Nesse tipo de situação, o cartão de crédito é uma péssima alternativa para se ter na carteira. Sendo assim, é muito importante trabalhar o autoconhecimento e avaliar se você está apto ou não a ter um cartão de crédito em mãos nesse momento. Muitas vezes pode ser muito vantajoso comprar com essa ferramenta, desde que: o limite de gastos não seja ultrapassado, a fatura seja paga integralmente todo mês, o cartão ofereça um bom programa de benefícios que garanta, por exemplo, descontos em cinemas, gasolina, passagens aéreas e outros produtos. Para usar o cartão de forma saudável, é importante ter um orçamento mensal equilibrado e gastar sempre MENOS do que ganha. Caso você não esteja com as finanças caminhando devidamente, organize-se primeiro para depois pensar em incluir um cartão nos seus meios de pagamento.
Kamile Araújo
–
Economista
Mestra em Economia Regional e Políticas Públicas
Consultora de Finanças Pessoais e Investimentos na Poup & Invest