A violência contra a mulher na Internet foi o tema do Universo Diverso desta segunda-feira (21), com a jornalista Luciana Nery. Ela conversou com Carlos Nascimento – mestrando em Ciências da Computação pela Universidade Fernando Pessoa, em Portugal. Ele tem como objeto de estudo justamente os ataques de que as mulheres vêm sendo vítimas nas redes sociais.

Carlos Nascimento

Carlos Nascimento esclareceu que a ciberespaço, apesar de servir à democracia, também é um ambiente sem limites, com muitos usuários que se protegem no anonimato para ofender mulheres por meio de uma prática que ele denomina de neomachismo. Trata-se da retomada de um machismo que aparentava estar superado, mas tem se mostrado muito presente nesses canais.

Segundo Carlos Nascimento, o neomachismo presente na Internet não apresenta as mesmas características de violência explícita, sendo mais cuidadoso na abordagem, com discursos, por exemplo, de controle da vida sexual da mulher. Exemplo disso é afirmar que mulheres não devem se expor à noite, “que devem ficar em casa e evitar certas roupas”.

Desta maneira, afirma Carlos Nascimento, são discursos que, por outras vias, remetem ao machismo clássico, de submissão da mulher ao homem. Ele explica que o humor é uma ferramenta recorrentemente utilizada como forma de manutenção da mulher em situação de submissão. “Replicagem de vídeos, ainda que engraçados, dão lastros a essas atitudes”, diz. E pior: há mulheres que também partilham esses conteúdos.