“Fala, irmão” foi a saudação usada pelo vereador Marcello Siciliano (PHS – RJ) em uma conversa telefônica revelada pela polícia. No telefonema, Siciliano garante a um miliciano que vai acionar o 31º Batalhão da PM para ajudá-lo a prender “uns bandido” que tinham “assassinado” um amigo. “Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo”, diz e termina: “Te amo, irmão”, finaliza.
Segundo atesta reportagem do Fantástico. Apontado como mentor e mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL – RJ), há dois meses, o vereador nega qualquer contato com a milícia. “Eu sou totalmente contra qualquer tipo de poder paralelo, totalmente contra”.
Siciliano teria bolado o crime junto com o ex-PM e chefe de milícia Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica. Os nomes de Siciliano e de Curicica foram apontados por uma testemunha chave das investigações, um policial militar que também é miliciano e diz saber quem matou e quem mandou matar Marielle.
Segundo ele, que disse procurado a polícia depois de ter sido ameaçado pelos assassinos, os dois queriam a morte da vereadora porque o trabalho social que fazia ia contra os interesses dele, de expansão da milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Em nota, o vereador negou qualquer participação no crime. Preso em outubro passado, pela morte de um homem que montou um circo, sem autorização, em área que dominava, Curicica também negou, por carta, ter participado do assassinato de Marielle.
Advogado de Curicica, Renato Derlan disse que o Delegado de Homicídios Giniton Lages tinha feito uma proposta para que assumisse as mortes de Marielle e do motorista dela, Anderson Pedro Gomes. “Ou você assume esse crime ou vou ‘embuchar’ mais dois homícidios na sua conta e lhe transferir para Mossoró”, disse Derlan, reproduzindo suposta ameaça do delegado. Segundo a Polícia Civil, Lages foi ao presídio para tomar o depoimento de Curicica, mas ele não quis falar.
Telefonema 1
Homem: “Uns bandidos lá mataram um amigo nosso. Você podia dar um toque no pessoal do 31 pra ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar”.
Siciliano: “Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo.”
Homem: “Tá bom. Beijo. Fica com Deus.”
Siciliano: “Te amo, irmão.”
Telefonema 2
Siciliano: “O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje. Aí o rapaz falou: ‘Não. Não vai fazer nada, não.”
Homem: “Não, pode ir.”
Siciliano: “Eu posso ir atrá lá da pessoa pra resolver no teu nome?”
Homem: “Pode. Vou te mandar o telefone aqui.”
A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), foi assassinada na noite de ontem em uma região central da cidade. Segundo a Folha, ela e o motorista foram vítimas dos desparos e morreram. Uma assessora ficou ferida apenas por estilhaços.
Testemunhas ouviram cerca de dez tiros no momento do crime. Ela voltava do evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, uma roda de conversa na Lapa (centro), quando foi interceptada pelos criminosos.
A vereadora era aliada do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que ficou em segundo lugar na eleição para prefeito do Rio.
Freixo e correligionários compareceram ao local do crime. O deputado disse que todas as características indicam ter se tratado de uma execução e que vai cobrar providências.
Segundo ele, nem o partido e nem a família de Marielle sabiam de ameaças contra ela. “Cabe à polícia investigar. Há caminhos para se investigar esse crime”, afirmou.
No dia 10, ela publicou um texto em suas redes sociais denunciando abusos do 41º batalhão da PM contra moradores da favela de Acari. “Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”, dizia um trecho.
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC), nesta quarta-feira, 28, a vereadora Viviane Sampaio (PT) acusou o prefeito Herzem Gusmão (MDB) de vitimizar o eleitorado conquistense com o “maior estelionato eleitoral vivenciado em Vitória da Conquista”. Segundo ela o Herzem Gusmão da campanha é bem diferente do Herzem Gusmão que hoje chefia as ações do Executivo Municipal.
Para ela, a forma como tem tratado os profissionais dos carros de som publicitário é só mais uma demonstração do “estelionato”. “Pudemos ver mais uma vez a incoerência do discurso do prefeito Herzem Gusmão na época da campanha e depois que assumiu o poder”, disse a parlamentar. “A maioria da população de Vitória da Conquista foi induzida ao erro do projeto da enganação, onde as promessas de campanha foram imediatamente esquecidas pelo prefeito assim que assumiu o poder”, apontou.
Viviane apontou que Herzem Gusmão chefia um governo que desrespeita até mesmo as decisões judiciais. “Infelizmente nós estamos num Governo sem Leis, que descumpre decisões judiciais”, avaliou. “É muito vergonhoso para nós que defendemos a população de Vitória da Conquista ser todo dia abordado com escola faltando funcionários, professor, com o Conquista Criança não funcionando em tempo integral por falta de alimentação, com as unidades de saúde carecendo de insumos, de materiais de profissionais”, disse ela.
Fonte: ASCOM/CMVC